Irresistivelmente inovador! O Oscar 2009 resgata o princípio de uma verdadeira noite de gala e apresenta uma entrega de prêmios digna de uma Academia de Artes consagrada.
O tapete vermelho mais fotografado do mundo recebeu inúmeras celebridades de diversos países e idades. O elenco do filme predileto da noite, “Quem quer ser um milionário”, fez questão de comparecer em peso, representando fortemente a Índia. O casal mais famoso, Brad e Jolie, fizeram o estilo simpático e discreto de sempre. Meryl Streep e sua filha mostram elegância e simplicidade, a atriz bate o recorde com 15 indicações. Vestido tomara-que-caia e com laços diversos fizeram a moda da grande noite. Os jornalistas alvoroçados para clicar e entrevistar os artistas, este ano não tão concorrido – devido a tal crise mundial, poucos canais transmitiram, exclusividade um tanto forçada: tempos difíceis para conseguir patrocinadores e anunciadores até mesmo para o Oscar!
Nenhum tipo de clichê: nem frases feitas nem duplas manjadas... Com Hugh Jackman como anfitrião, logo se nota a mudança no palco do Teatro da Kodak,
Os bastidores de toda produção da noite do cinema foi revelada. Houve certa transparência essa ano. Os gringos resolveram inovar. Talvez a política atual tenha influenciado as mudanças de Hollywood.
A entrega dos prêmios nas categorias de Melhor Ator e Atriz Coadjuvante e Melhor Ator e Atriz teve uma irreverente apresentação – ninguém melhor que 5 representantes de cada categoria que já passaram pela mesma emoção para abrir o envelope tão valioso e esperado.
“Os musicais estão de volta” proclama a Academia relembrando o remake do grande clássico lançado em 2008 “Mama Mia!”. E para ressaltar tal categoria, elaboraram um precioso mix de musicas e coreografias que destacaram “Cantando na Chuva”, “Chigaco”, “Moulan Rouge”, entre outros, com participação especial da diva Beyoncé num modelito vermelho de cabaré, o anfitrião da festa fez par com a cantora. Teve também a participação dos jovens casais Vanessa Hudgens e Zac Efron (High School Music), e Amanda Seyfried e Dominic Cooper (Mamma Mia).
Finalmente Penélope Cruz ganhou um Oscar – Melhor Atriz Coadjuvante por “Vicky Cristina Barcelona”. Mas pode-se afirmar com certeza absoluta que o momento mais marcante foi o segundo Oscar póstumo já entregue em 81 anos de premiação. Heath Ledger, Melhor Ator Coadjuvante, pelo filme “O Cavaleiro das Trevas”. Os olhares das celebridades se cruzaram, difícil dizer qual não se encheu de lágrimas. A família de Ledger veio da Austrália para representá-lo, ao receber o prêmio sua mãe destacou que Heath considerava o cinema sua família e sua vida, seu amor maior. Realmente, uma perda lastimável para as telonas.
Kate Wislet vem mostrando sua gratidão como atriz nos últimos anos e encanta a todos com sua interpretação inigualável. Como esperado, leva a estatueta de Melhor Atriz, pelo filme “O Leitor”. Já Sean Pean coloca a segunda estatueta em sua estante, a primeira pelo filme “Sobre Meninos e Lobos”, e agora quebra paradigmas e preconceitos interpretando um homossexual, “Milk – A Voz da Igualdade”.
Indicado a 10 categorias, “Quem quer ser um milionário” fecha a noite levando 8 prêmios, incluindo o principal, Melhor Filme. Inesperadamente justo! Vamos recordar das questões políticas: em tempos de Bush, isso seria possível? Sean Pean aproveita o gancho por ter interpretado um político e agradece por viver num país que elege um grande homem para presidente, diz que é um novo ano para os EUA.
Bom, um novo ano para o país não sei, mas quem assistiu o Oscar 2009 pode perceber certa transparência na cerimônia. Acho que os próprios dirigentes já estavam se cansando de tanta hipocrisia. Enfim, a história atual é delicada e parece pesar na classe artística que se compadece. Quem diria que o Oriente Médio iria ter vez numa premiação americana? Por mais que o filme tenho sido produzido, tecnicamente, por ingleses, pode-se ver uma abertura um tanto peculiar da Academia a filmes estrangeiros.
E o Brasil, quando deixará de ser esquenta banquinho para estar no palco dessa grande festa? Não adiantar ignorar e dizer “é uma festa americana”, sejamos francos, é uma festa importantíssima para indústria cinematográfica. Parece que muita coisa está em constante mutação, tanto lá quanto aqui.