Email que recebi, fiquei indignada:
Estou transmitindo essa mensagem para que você possa se manifestar. Você que foi aluno, frequentador, professor, coordenador ou simplesmente é um admirador e cúmplice da Formação Cultural em nosso Estado!
Estou transmitindo essa mensagem para que você possa se manifestar. Você que foi aluno, frequentador, professor, coordenador ou simplesmente é um admirador e cúmplice da Formação Cultural em nosso Estado!
Aguardamos o posicionamento da Secretaria de Cultura do Estado, mas o que nos chega, através da própria diretoria da ASSAOC, a O.S. responsável pela administração das Oficinas Culturais do Estado, é que as OFICINAS CULTURAIS DO ESTADO, cerrarao as portas dia 01 de agosto de 2010. Este mês de julho os funcionarios estarao trabalhando sob aviso prévio.
Para que melhor vocês entendam, as 22 OFICINAS CULTURAIS - sendo 06 na capital (04 na Zona Leste, 01 extremo da Zona Oeste e 02 no centro expandido), 15 no interior do Estado com 645 municípios e os Projetos Especiais e da Terceira Idade - e que prestam serviço há 25 anos à comunidade paulista, saem de circulação de um momento para o outro conforme solicitação do Exmo Sr. João Sayad, argumentando a falta de visibilidade do projeto.
Abaixo números importantes para que avaliem o dano que esse abrupto encerramento de atividades irá causar, inclusive o cancelamento total de todas as programações já anteriormente acordadas para o próximo semestre:
AÇÃO PROPOSTA: Vamos fazer com que chegue ao governador Alberto Goldman - governador@sp.gov.br - e ao secretária de cultura Andréa Matarazzo (secretario@cultura.sp.gov.br) emails em repúdio a essa atitude!
COLOQUEM COMO ASSUNTO: NÃO AO FECHAMENTO DAS OFICINAS CULTURAIS DO ESTADO - PODEM NÃO TER VISIBILIDADE, MAS TEM O APOIO DA SOCIEDADE POR SUA EXTREMA IMPORTÂNCIA NA EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS POR MEIO DA ARTE! Por favor, assinem o email e escrevam do lado a profissão e sua relação com as Oficinas e Projetos.
O interesse da construção da destruição
Por Denis Antunes*
É com enorme desgosto e amargues que recebo a triste notícia que este, em sua absoluta consciência, vos declara, perante tal ocorrido e antes de qualquer registro anunciado, um mero e simplório pedido...
Aprendi, em meio ao tumulto generalizado de um país ainda em busca de sua cor, que a arte é, acima de tudo, verdade, abstração e desobediência. E aprendi, também, que a arte - em sua mais primitiva construção, seja talvez o único instrumento real de transformação individual; coletiva. Social. Universal.
Lembro-me de meu primeiro contato com ela. Lembro-me da abertura de porta que se abria diante de meus virgens e pequeninos olhos ao me deparar em tentar simplesmente conhecê-la. Lembro-me de uma busca, a partir dali, por um novo recomeço. Ressurgimento. Renascimento. Mudança.
Seria, por obrigação de um Estado minimamente colorido, apresentar, para todos os seus filhos nativos, ao menos, a placa com a indicação e percurso do caminho até a tal porta. Nem que para isto seja necessário o mundo.
Iremos ao caso...
O Governo do Estado de São Paulo, juntamente com a Secretaria de Cultura, querem - como diz o administrador de empresas e atual Secretário da Cultura Andrea Matarazzo, modernizar e reestruturar o programa.
Com políticos é preciso usar e entender as entrelinhas.
Isto é, há uma solicitação, feita pelo então Secretário João Sayad, encaminhando o fechamento das Oficinas Culturais do Estado que, há 25 anos imprime o roteiro à porta.
É pertinente relatar que, João Sayad, renunciou ao cargo da Secretaria de Cultura por pretender a cadeira presidencial da Fundação Padre Anchieta – cargo que, hoje, exerce. Vale lembrar também que, o atual presidente da TV Cultura, foi Ministro de Planejamento no governo de José Sarney.
Tanto Sayad como Matarazzo foram nomes escolhidos a dedo por José Serra, o então Governador do Estado e atual presidenciável.
O programa, como citou nosso secretário, é a única ferramenta utilizada para aproximar a arte a aqueles que não possuem renda para obtê-la. É o primeiro, e muitas vezes o único, contato e conhecimento que alguns possuem de acreditar que, de fato, existe uma porta, e que esta pode ser aberta.
Serra, em novembro passado, inaugurou a SP Escola de Teatro exaltando o projeto e decretando a importância de se criar uma escola gratuita no estado. Ora, mas e a Escola de Arte Dramática de São Paulo, que é considerada uma das mais importantes da América Latina? Talvez José Serra tenha realmente se esquecido dela. Algo visivelmente explícito quando visitamos as paredes da tradicional e histórica escola.
Longe, aqui, de levantar esta ou aquela bandeira partidária. A discussão e o foco estão, simplesmente, além. Além.
Espero estar absolutamente equivocado ao questionar que a destruição das Oficinas esteja paralelamente ligada à criação de novas paredes, pois isto já seria burrice. A invenção de uma nova não pode destruir a formação de outra já existente. É preciso o progresso, sempre... Aquilo que está escrito na bandeira de todos nós, lembram?
É o que diz a arte. Basta apenas sermos verdadeiros. Abstraiamos. E sejamos desobedientes.
*Denis Antunes é ator e jornalista.